domingo, 21 de dezembro de 2008

A "Tomada de Papanduva"

                          A Tomada de Papanduva



     Na herança cultural de cidadãos do Contestado, consta uma das mais marcantes páginas já vivenciadas pela população papanduvense.
Trata-se do episódio chamado “Tomada de Papanduva” acontecido em 1914.
   Não vamos comentar aqui quais as causas ou os fatores religiosos, sociais, econômicos, antropológicos ou políticos que propiciaram o surgimento de conflitos na região contestada entre Paraná e Santa Catarina.
  Pretendemos somente recordar nefastos acontecimentos oportunizando estudo e reflexões acerca de fatos históricos na construção da sociedade regional.
Em 26 de agosto de 1914 a vila de Papanduva foi completamente sitiada.
   Elementos revoltosos, comumente chamados de fanáticos depuseram as autoridades locais, assaltaram casas de comércio, mataram civis e tomaram conta do lugarejo pondo em polvorosa toda a população.
     Muitas famílias tiveram que se refugiar em localidades vizinhas, por meses, perdendo quase tudo. O bando que tomou Papanduva era chefiado por Aleixo Gonçalves, que a seguir enveredou para Itaiópolis. Outro chefe jagunço, Henrique Wolland, “o alemãozinho”, era o chefe do piquete que por aqui se instalou.
     Segundo o 1º Livro do Tombo da Paróquia de São Sebastião, “entrincheiravam-se na Praça de Papanduva”, no centro da Vila. Aqui permaneceram fazendo terrorismo por três meses. Somente as mulheres podiam sair às ruas.
   A área conflagrada vivia sob a ameaça dos fanáticos. A população se recolhia apavorada ou punha-se em fuga.
     Em 6 de setembro de 1914, sob as ordens do major Benjamim Augusto Lage, as forças paranaenses, instaladas em Papanduva para combater os fanáticos, montaram acampamento, atrás da capela de São Sebastião, onde é hoje o salão paroquial. O local foi escolhido porque oferecia uma boa visão das redondezas. Chegaram a cavar valas fundas no chão para dali montar guarda e usar suas winchesters.
     Os rebelados, em torno de 300, instalaram-se em barracas, no local onde hoje é o ginásio de esportes do Colégio Alinor Vieira Corte.
      Enquanto isto, a nossa vila continuava sob o jugo dos sertanejos revoltosos, com as autoridades depostas e com a população vivendo três meses de terror, subjugada pelo medo.
     Era muito visada a vila de Papanduva, “por estar interposta entre os alojamentos de Aleixo e Tavares” e localizada às margens da Estrada da Mata.
     Em 9 de novembro de 1914, o Presidente do Estado do Paraná autorizou que o Batalhão de Infantaria fosse organizado como “Batalhão Tático” para assim se tentar manter a ordem com mais eficiência.
    Foi preciosa a presença heróica dos milicianos paranaenses, nesta campanha que jamais será apagada das páginas de nossa história.
    Quem tinha condições, saía do lugar para só retornar muito tempo depois para contar os prejuízos e outros foram embora para outras plagas.
    As casas de comércio eram saqueadas, sendo tudo levado ou destruído. Geralmente os fanáticos levavam víveres, animais para abate e montaria, bem como armas e munições.

Casa de morada de Francisco Martins Haas 1914.Invadida por jagunços.

                   A Luta pela Retomada da Vila de Papanduva
     O Batalhão tático recebeu a incumbência de retomar Papanduva, das mãos dos jagunços, cujo objetivo já havia sido traçado.
  Papanduva passou a ser, com mais insistência atacada per sertanejos dos bandos de Aleixo, Tavares, Alemãozinho e outros. “Assim fizeram os sertanejos nos dias 18, 19, 20 e 21 de novembro de 1914. Os militares, que conseguiam abrir claros nos grupos adversos, chegaram a ficar quase sem munição de guerra, tendo que repelir o inimigo a arma branca”. (General Setembrino de Carvalho, apud Alves da Rosa).
     São passados muitos, mas a memória popular ainda se mantém viva e guarda resquícios dos horrores e dos prejuízos da época do fanatismo.
     Ainda em novembro de 1914, a força do Major Lage sediada em Papanduva foi remuniciada e devidamente reforçada. O comboio de munição veio escoltado por uma guarnição de infantaria, com 200 homens do Exército, que chegou a tempo de auxiliar no desbaratamento do inimigo na sua última investida a sede da vila de Papanduva.
    Por aqui permaneceram as forças militares do Paraná guardando a vila até o início de 1915. Dramático foi o episódio ocorrido na localidade de Queimados quando a 28 de novembro de 1914, vaqueanos, civis e militares em combate de fogo cerrado, desalojaram e botaram em fuga o último grupo de jagunços, deixando no campo de luta 30 fanáticos mortos, mais de 60 feridos, além de 150 animais, arreamentos, cangalhas, munições e armas.
     Anos depois se achou neste local uma pistola enferrujada e o lugar passou a chamar-se Pistola, nome que perdura até hoje.
  Heróis papanduvenses lutaram contra grupos de fanáticos. Relatos destes embates se acham na obra Resgate de Memórias – Papanduva em Histórias.
   O conflito do Contestado teve grande significado no contexto regional do Planalto Catarinense, concorrendo para o empobrecimento da região e contribuindo com o processo de litoralização do Estado de Santa Catarina.


Sinira Damaso Ribas 2004



Papanduva nos Primórdios


Papanduva nos Primórdios

Partes da obra Resgate de Memórias: Papanduva em Histórias. Famílias. Sinira Damaso Ribas - 2004

Papanduva nasceu à beira de um caminho.
Sua origem se confunde com a história da estrada usada pelos tropeiros para conduzir o gado de Viamão- RS a Sorocaba- SP.
Condutores de tropas do Rio Grande do Sul para São Paulo fizeram deste lugar, um ponto de pousadas, a partir de 1730. Para se chegar ao destino, a melhor via de ligação era o “Caminho das Tropas”, um traçado precário que cortava regiões de campos, serras, clareiras, charcos e mata fechada.
Os comerciantes viajores com suas tropas faziam paragens nesta região por encontrar o papuã, excelente pasto para os animais. O capim papuã da espécie Brachiaria plantaginea é uma gramínea com bom teor de proteína e alta digestibilidade, na época se prestando para o pastejo e engorda do gado que se destinava aos abatedouros paulistas. Nossos pastos serviam também de invernadas para os muares procedentes do sul. Por este motivo, em Papanduva, as caravanas faziam paradas de vários dias, para recuperação, antes de prosseguir viagens.
Papanduva é um nome indígena, derivado do nome do capim papuã.
Se, pela abundância e qualidade das pastagens o lugar era ideal para as tropas, era melhor ainda para o repouso e segurança dos tropeiros. Desde aqueles tempos, Papanduva é o paraíso da hospitalidade.
Papanduva reconhece que o tropeiro é o embrião de sua história. O tropeirismo foi a atividade que propiciou a formação de povoados e seu posterior desenvolvimento. As primitivas pousadas e choupanas davam origem a alojamentos mais organizados, onde famílias se estabeleciam para servir os viajantes e seus animais. Junto destes alojamentos eram feitos currais para abrigar os cavalos e as mulas durante a noite. Galpões eram construídos. Eram as conhecidas pousadas, que com o tempo se transformavam em pequenos centros de comércio. Assim nasceu um singelo povoado, hoje a acolhedora cidade de Papanduva.
Nas invernadas, durante o repouso, nossa hospitalidade reteve muitos tropeiros paulistas e paranaenses que demandavam a Estrada da Mata, cortando caminhos e por aqui se instalaram.
A “Picada dos Tropeiros” chegava a Papanduva, no sentido sul/norte, através do Rodeio Grande, passava no Rio da Prata, Lagoa Seca, transpondo o povoado e o rio Papanduva até chegar ao Passo da Cruz, atingindo o Passo Ruim e assim prosseguindo adiante. Esse local, mal drenado, era de difícil travessia, com terreno encharcado próximo ao Rio São João e um afluente que freqüentemente transbordava.
Ao longo da sinuosa via que cortava este sertão, foram se instalando pousos e invernadas, fixando moradores. Dois destes pousos têm para nós significativa importância. O primeiro, numa clareira, com uma planície que pela excelência do lugar era chamada “A Desejada” e posteriormente com o nome de Papanduva ou as “Cocheiras do Papanduva” e o segundo, bem próximo, ao pé de uma serrinha, denominado “São Tomaz de Papanduva”, em 1877 pelo sertanista Joaquim Francisco Lopes de Oliveira.
Papanduva era ponto de paragem, na ida e na volta das épicas viagens dos bravos tropeiros que transitavam pelo tortuoso Caminho das Tropas.
Distante de outras paragens, Papanduva era local de chegada obrigatória no trecho entre Rio Negro e Lages, através da Estrada da Mata. Este lugarejo formou-se com alojamentos de tropeiros e foi alavancado por acampamentos de “arigós”, para a construção da referida estrada. Os elementos que recebiam este nome eram trabalhadores volantes que se instalavam em barracas ou tendas nas frentes de trabalho. Estes eram operários recrutados de diversos pontos do país e depois de certo tempo, substituídos por outros. Alguns, porém, constituíam famílias e acabavam se fixando no local, incrementando os povoados.
Criadores e lavradores luso-brasileiros provindos do Paraná e São Paulo, através da Estrada da Mata, com suas mudanças transportadas em dorso de muares, chegavam até nossas paragens trazendo na algibeira os documentos de doação de sesmarias e se instalavam em áreas do planalto. Pela extensão destas terras era difícil mantê-las, pela falta de mão de obra, fator que fez com aos poucos elas fossem sendo invadidas por posseiros e mais tarde compradas por colonos imigrantes.
Em 1818 o povoado de Papanduva, recebeu um pequeno incremento com a vinda de algumas famílias procedentes de Campo do Tenente PR, que aqui se dedicaram à criação de gado bovino e extração de erva-mate.
As tropas, as bandeiras, as mudanças de paulistas, os carroções de mercadorias e outras expedições, continuaram transitando por nossos precários caminhos, percorrendo a Estrada da Mata, sempre por viajores reunidos por bom número e bem armados para poderem se defender de prováveis ataques de feras ou de indígenas.
O lugarejo, com muitas limitações foi lentamente crescendo. Em 1829, o Padre Marcelino José dos Santos rezou missa em Papanduva1, por ordem da Cúria de Rio Negro. Esta é uma data longínqua que prova a existência do povoado.
Os ranchos e as casas, desde os primórdios, eram de madeira “falquejada”, janelas de pau, portas fechadas com tramela e cobertas de tabuinhas. Nas proximidades não faltava um carijo para o preparo da erva-mate - (Ilex paraguariensis). Eram extensos os lageanais.
Nos primórdios papanduvenses, as principais atividades econômicas resumiam-se em extração de erva-mate, lavouras de subsistência, tropeirismo, criação de gado bovino e suíno. Num passado um pouco mais recente a extração madeireira fez parte consistente de nossa economia.
Há mais de um século, o lugarejo era dividido em Quarteirões. A sede propriamente dita constava de dois. Um deles, partindo do centro para cima era o Quarteirão da Ronda (depois Rondinha), e outro, para baixo, Quarteirão da Invernada, terras da família Haas. Nos arredores, por exemplo, já havia os quarteirões da Lagoa Seca, Queimados, Guarany e Pinhal. 2
Somada à população cabocla mais antiga do povoado, chegaram a Papanduva imigrantes alemães ainda na primeira metade do Século XIX e poloneses a partir do início do século XX. Já na segunda década, os ucranianos, e mais tarde (depois de 1940), japoneses e descendentes de italianos.
Ao longo de nossa história, a influência externa foi importante na formação da população que hoje somos. Revendo as raízes culturais de Papanduva, reconhecemos que a múltipla formação étnica contribuiu para a consolidação do espírito progressista que caracteriza hoje o município.
Todos, nativos e descendentes de imigrantes, aprendemos com os revezes da vida e nos beneficiamos com as lições extraídas da história, por isso, somos um povo forte, corajoso, produtivo, congregado e solidário.
Papanduva, município planaltino, vive o progresso, graças à qualidade de seu povo, ao seu solo dadivoso e fértil, à multiplicidade de sua etnia, mas continua dependendo também do  empenho de seus governantes.
_______________________________________________________________
1 - Cf. LIVRO DO TOMBO DA PAROQUIA DE RIO NEGRO apud Livro do Tombo nº. 1 da Paróquia de Papanduva. 1950.
2 - Cf. Livros de Assentamentos de Nascimentos do Distrito Judiciário de Papanduva. Acervo do Cartório de Registro Civil.
RIBAS, Sinira Damaso. Resgate de Memórias: Papanduva em Histórias. Famílias. 2004


                                                                           * * *




sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Crônica Sinira IV
Treinando a Nova Ortografia

É uma superdosagem de informações para serem absorvidas por nós, semialfabetizados ou semiletrados. Aparentava ser um estudo superleve.
Sou pessoa hiperativa, mas amanheci com hiperglicemia. Preciso ainda de uma hiper-hidratação, coisa hiper-humana para quem tem hipersensibilidade a certos medicamentos e fez microrradiografia.
Preciso ir ao hipermercado, mas temo a hiperinflação, embora encare com hiper-realismo a hipertrofia de nossas bolsas. As coisas melhoram com uma hiperprodução de bens de consumo.
Preciso falar com o sub-reitor e com o subsíndico no subsolo.
Vou rever as minhas contas e extrair o subtotal na subseção subterrânea.
Faço uso do serviço de tele-entrega e assisto programas de televendas e telessexo com cenas semisselvagens. É uma autoterapia ou autodestruição fazer autoidolatria, autosserviço e usar autocontrole?
Hoje sou neorromântica e aprecio o neossocialismo.
Temos um pseudoproblema com a chegada de um ciclone extratropical, mas sairemos na semiconsciência pela semitangente.
Hoje aprendi a palavra beijaço. Achei hiperlegal.
Estou ultracansada, tchau
Sinira Damaso Ribas


Crônica Sinira V
Treinando a nova ortografia

Hoje desejo bolar uma hiperprodução, numa mega-ação para tentar aprender a nova ortografia.
Tudo é inter-relacionado e preciso de hipersensibilidade para dar conta do recado sem subestimar o tempo que gasto.
Aqui no Brasil, isto é um fenômeno para um gênio, mas sem bônus, enquanto que em Portugal seria fenómeno para génio com bónus.
Neste submundo perdi tempo num banco superlotado e numa ação hiper-reativa deixei de ser superinvestidora na bolsa de valores, temendo pertencer a uma sub-raça ou subclasse econômica.
Hoje vesti um subconjunto e falei com o subdelegado sobre a sub-base subjugada de um negócio subfaturado anti-inflacionário neste sub-reino subpovoado.
Neste arco-íris de letras e números estou a um ano-luz de aprender a trabalhar com finanças e com ortografia.
Faço uma auto-observação e ao longo de uma auto-hipnose fico na semi-inconsciência, mas no contra-ataque com o corpo ultra-aquecido num processo ultra-hiperbólico.
A proto-história é um período da pré-história anterior à escrita quando não existiam regras gramaticais e ficava tudo subentendido sem subdivisão subjacente.
Foram-se os velhos tempos e todos veem a sublocação e o subemprego com um novo subtítulo.
Hoje permanece o pan-americanismo, mas também ressurge um movimento pan-africano com a pan-negritude em alta.
Em contrapartida, numa autopromoção me despeço com o meu autógrafo.
Sinira Damaso Ribas – Papanduva -SC

Crônica Sinira II e III Ortografia

Crônica Ortografia Sinira II

Faço uma autoanálise e num sobressalto acho um contrassenso te dizer estas coisas, mas é ultraromântico estudar ortografia, apesar de parecer antissocial e coisa antiquíssima.
É extraoficial, mas trato de um pseudoedema intraocular e preciso de ultrassonografia. Não sei no que isso vai desaguar.
Vivo nesta semiescravidão, mas sou autossuficiente e tenho o ego ultraelevado neste dia semiúmido e ultra-aquecido.
A oposição me chama de inconsequente, sanguinária e delinquente com muito ambiguidade, mas nunca fui arguida a respeito.
Levo uma vida semisselvagem apesar de ser antirracista, pseudossábia e andar de sobressaia num micro-ônibus autossustentável.
Deixo aqui um Tchau desmilinguido!
Infra-assinado
Sinira 29 de Outubro de 2008


Crônica Sinira Ortografia III
Sou bilíngue e escrever certo agora virou uma paranoia, mas tento aprender, nem que leve um quinquênio, pois não sou inconsequente. Tem hora que me causa enjoo, mas abençoo quem tenta acertar e os que creem na importância da correção.
Aqui somos todos acadêmicos e lá em Portugal seríamos académicos.
Isto é coisa super-rápida e hiperfácil para um super-homem num voo aeroespacial agora unida por duas vogais diferentes.
Se me arguem, saberei responder como se escreve as palavras anti-semítica e inter-racial.
Tem gente super-resistente a mudanças que para a pensar no hífen e fica com a cabeça sem pelo porque caiu o acento diferencial.
Mas sou otimista e nisto sou o contrarregra do meu próprio cenário.
Tchau tchau. Bye bye agora com y do meu próprio alfabeto.

Nova Ortografia 2009. Crônicas Sinira Damaso Ribas

Crônica Sinira I Treinando a nova ortografia


Era frequente escrever sem trema, agora é correto.
Você não faz ideia como ficou estranho este trabalho. Hoje voo na acentuação gráfica com problemas com aquela linguiça de novas regras. Faço uma assembleia de estudos e dou um créu na indecisão ao escrever. Dou graça ao céu por entender as mudanças.
Mas é uma joia trabalhar com ortografia. Estou ficando cobra nisso, quase uma jiboia fazendo um trabalho heroico.
Continuo usando W, Y e K largamente em nomes de família, letras agora incorporadas ao alfabeto.
Agora você cai de paraquedas e para pensando como escrever certas palavras que não precisam mais do acento diferencial.Isto abala a sua infraestrutura e as outras pessoas veem isto. Elas que deem graças por aprender também.
Este é um trabalho inter-regional e extraescolar mostrando esta palavra junta por causa das duas vogais.
Sou hiper-realista e vejo que o clima anda extrasseco, o que se torna a nossa vida anti-higiênica. Vou precisar de anti-inflamatório apesar de ser arqui-inimiga de alopatia. Temo problema na supra-renal.
Vi nesta terça-feira na autoestrada um carro rosa-choque com o paralama, parachoque, parabrisa e porta-malas batidos indo super-rápido para o ferro-velho porque entrou na contra-mão.
Faço um autorretrato: uso água-de-colonia e tomo chá de erva-doce e couve-flor com misto quente feito no micro-ondas toda segunda-feira. É hiper-requintado viver assim.
Aqui sou mandachuva e econômica, mas em Portugal seria económica.
Deixando de lado a feiura, eu preferia ser um bem-te-vi ou um beija-flor na antessala de um jardim na pré-história.
Sinira Damaso Ribas Em PAPANDUVA-SC

Nova Ortografia 2009. Crônica Sinira I

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Papanduva Santa Catarina 2007



PAPANDUVA SC -
Sinira Damaso Ribas
Papanduva está localizado na microrregião do Planalto Norte de Santa Catarina. É um dos municípios que constitui a AMPLA -Associação dos municípios do Planalto Norte Catarinense e integra a 25ª SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional.
Papanduva é uma parcela do território catarinense, de ótima habitabilidade pela excelência da qualidade de recursos nele existentes.
Papanduva possui papel de destaque no cenário estadual não apenas por seus animadores índices sociais e econômicos. Sua diversidade cultural, étnica e geográfica, assim como uma privilegiada localização em relação aos municípios vizinhos representam um enorme potencial para a sua afirmação como um pólo turístico, econômico e cultural.

Localizado às margens da BR 116 e cortado pela Rodovia Nataniel Ribas-SC- 477, Papanduva é muito bem servido por estradas às adjacências.
Papanduva está a 788 metros de altitude e tem as seguintes coordenadas:
Latitude (de Greenwich)
26º 18’ 45” S
Longitude (de Greenwich)
50º 11’ 15” W
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Os limites geográficos do município são:
Norte - Três Barras e Mafra
Sul - Rio do Campo
Leste - Itaiópolis e Santa Terezinha
Oeste - Monte Castelo e Major Vieira
Fonte: Prefeitura Municipal de Papanduva – 2006

Distância de Papanduva a alguns centros urbanos.
Canoinhas - SC - 45 km
Mafra - SC - 56 km
Lages - SC - 190 km
Florianópolis - SC - 358 km
Curitiba - PR - 155 km
Porto Alegre - RS - 545 km
São Paulo - SP - 560 km

A metade da população de Papanduva concentra-se na área urbana da sede do município. Com área de 759,83 km2 conta com um contingente populacional em torno de 18.000 habitantes.
A diversidade de usos promove a vitalidade do espaço urbano papanduvense, com 5,6 km2, contribuindo para a vida política, econômica e social do Município.
O Parque Industrial Papanduvense localiza-se no Passo Feliz, às margens da BR 116, com área de 511.616,43 m ², de propriedade do município.
Papanduva é banhado pelos rios Itajaí do Norte, Iraputã, São João e rio Papanduva.

HISTÓRIA
Papanduva teve sua origem e importância inicial ao fato de localizar-se em um dos pontos de pouso de tropeiros, que nas longas travessias do sertão, pernoitavam, descansavam e faziam paragem neste local.
Características importantes em sua história foram:
- a abundância do capim papuã,
- a localização geográfica
- a origem no tropeirismo.

Papanduva formou-se a beira do Caminho das Tropas que, desde 1732 palmilhavam picadas entre Sorocaba SP e Viamão RS.


As tropas que transitavam estes difíceis caminhos iam pernoitando e fazendo paradas ao longo do trajeto. Eram compostas de gado bovino ou de muares, que se destinavam às feiras paulistas para comercialização.
Vestidos com ponchos, chapéus e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba.
Papanduva, pela excelência do capim Papuã (Brachiaria plantaginea), oferecia ótimas condições para alimentação dos animais que necessitavam refazer-se de longas caminhadas.
O movimento conhecido como tropeirismo propiciou o nascimento de caminhos, fazendas e pousadas ao longo do Caminho das Tropas. Com o passar do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas.
Papanduva, uma planície, foi pouso de tropeiros desde o século XVIII, quando a região ainda pertencia à Capitania de São Paulo.
A Capitania de Santa Catarina, de reduzidas dimensões, compreendia a faixa do litoral e terras próximas à sua Ilha, até a Serra Geral. Com a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, foram criadas as Províncias.
Somente em 1853 criou-se a Província do Paraná e Papanduva dela passou a fazer parte. Desde então, as duas Províncias e, a partir da Proclamação da República, em 1889, os dois Estados, Paraná e Santa Catarina passaram a contestar os seus limites e entrar em litígio por uma área, na qual Papanduva estava inserido.
Em 1909 Papanduva tornou-se Distrito e sua sede passou à categoria de Vila, pertencente a Rio Negro, Paraná.
Entre 1912 e 1916, uma grande região compreendida entre os dois Estados viveu a época do fanatismo e envolveu-se na Guerra do Contestado. Ao final da referida Guerra, estabeleceram-se os limites e finalmente Papanduva passou a integrar o território catarinense.
Em 1917, novamente Papanduva tornou-se distrito, desta vez, pertencente a Canoinhas.
O município de Papanduva foi criado a 30 de dezembro de 1953 e sua instalação ocorreu a 11 de abril de 1954.Em 1962, Papanduva perdeu em torno de 40% de seu território com o desmembramento de uma área que veio constituir o município de Monte Castelo.
A seguir, em 1963, foi criado o Distrito de Nova Cultura.
Papanduva passou a Comarca em 1985.
Formação Étnica
Quanto à formação étnica, Papanduva foi moldado, primeiro pelos índios, povos originais, pioneiros no uso da terra, seguidos, no século XVIII e XIX pelos tropeiros, agricultores paulistas e paranaenses de origem portuguesa ou espanhola, por caboclos e afro-brasileiros das frentes de trabalho de construção e manutenção da Estrada da Mata e mais tarde pelos imigrantes, germânicos, poloneses, ucranianos e em menor número por japoneses e descendentes de italianos.
A identidade dos papanduvenses é pautada na pluralidade étnica. O município é constituído pela mistura e contribuição de várias etnias que formam característico panorama cultural. Trata-se de uma somatória do trabalho e crenças dos pioneiros que forjaram o primitivo lugarejo, mais tarde, vila e que, socialmente, se incrementou com a vinda de imigrantes, transformando substancialmente seu arranjo social

A produção agrícola e pastoril ocupa 55 % da área total do Município se Papanduva, ali se encontrando também uma grande concentração de granjas suinícolas do Estado. A criação de suínos tem lugar de destaque na oferta de emprego e renda.
Entre os produtos agrícolas de maior relevância para a economia de Papanduva destacam-se o milho, soja, fumo, feijão, batata, arroz e maçã. A produção de leite e mel também é significativa.
Empresas papanduvenses investem no setor madeireiro, agroindústria, plástico, têxtil, metal-mecânico, tabaco, borracha, material de construções. Comércio e prestação de serviços estão em franco progresso.

Nada falta em Papanduva, como fonte temática, para que tenha uma identidade.
Tem paisagens exuberantes: serras, mata virgem, campos, lavouras, cavernas e quedas d’água ...Tem flora e fauna como os demais municípios.Tem gente como os demais: descendentes de indígenas, brancos, afro-brasileiros e várias imigrações.
Tem, com a agricultura, um dos celeiros de Santa Catarina.
Tem indústrias e agroindústrias. Tem uma História rica: tropeirismo, imigração, Guerra do Contestado... Tem três ciclos econômicos inspiradores: Tropeirismo, ciclo da madeira e erva-mate; Tem as sagas dos monges, lendas, superstições e uma culinária regional; Tem um povo aguerrido, educado e com vocabulário, linguajar, expressões...Enfim: mitos, usos, costumes, ditados, símbolos e heróis. Tem até o arquétipo que se formou no Papanduva tradicional, que é o tropeiro. Papanduva tem um povo de estirpe elevada e que se orgulha de seus ancestrais, de sua história e de seu chão.


Fontes:
RIBAS, Sinira D. Papanduva, Dimensões e Perspectivas. ( Em editoração) 2008.
RIBAS, Sinira D. Resgate de Memórias. Papanduva em Histórias. Famílias. Florianópolis: Ed. Insular. 2004.
RIBAS, Sinira D. Síntese Histórica de Papanduva. Mafra: Editora Nosde. 2004
SINIRA e RIBAS. Brasilidade. História e Cultura Afro-brasileira e Indígena. Curitiba: Dutty Editora. 2009.
SINIRA e RIBAS. Identidades. História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Curitiba. Dutty Editora. 2010.

A Cidade de Papanduva

Papanduva está localizado na microrregião do Planalto Norte de Santa Catarina. É um dos municípios que constitui a AMPLA -Associação dos municípios do Planalto Norte Catarinense e integra a 25ª SDR – Secretaria de Desenvolvimento Regional.
Papanduva é uma parcela do território catarinense, de ótima habitabilidade pela excelência da qualidade de recursos nele existentes.
Papanduva possui papel de destaque no cenário estadual não apenas por seus animadores índices sociais e econômicos. Sua diversidade cultural, étnica e geográfica, assim como uma privilegiada localização em relação aos municípios vizinhos representam um enorme potencial para a sua afirmação como um pólo turístico, econômico e cultural.

Localizado às margens da BR 116 e cortado pela SC- 477, Papanduva é muito bem servido por estradas às adjacências.
Papanduva está a 788 metros de altitude e tem as seguintes coordenadas:
Latitude (de Greenwich)
26º 18’ 45” S
Longitude (de Greenwich)
50º 11’ 15” W
Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Os limites geográficos do município são:
Norte - Três Barras e Mafra
Sul - Rio do Campo
Leste - Itaiópolis e Santa Terezinha
Oeste -Monte Castelo e Major Vieira
Fonte: Prefeitura Municipal de Papanduva – 2006

Distância de Papanduva a alguns centros urbanos.
Canoinhas - SC - 45 km
Mafra - SC - 56 km
Lages - SC - 190 km
Florianópolis - SC - 358 km
Curitiba - PR - 155 km
Porto Alegre - RS - 545 km
São Paulo - SP - 560 km

A metade da população de Papanduva concentra-se na área urbana da sede do município. Com área de 727,30 km2 conta com um contingente populacional em torno de 20.000 habitantes.
A diversidade de usos promove a vitalidade do espaço urbano papanduvense, com 5,6 km2, contribuindo para a vida política, econômica e social do Município.
O Parque Industrial Papanduvense localiza-se no Passo Feliz, às margens da BR 116, com área de 511.616,43 m ², de propriedade do município.
Papanduva é banhado pelos rios Itajaí do Norte, Iraputã, São João e rio Papanduva.

HISTÓRIA
Papanduva teve sua origem e importância inicial ao fato de localizar-se em um dos pontos de pouso de tropeiros, que nas longas travessias do sertão, pernoitavam, descansavam e faziam paragem neste local.
Características importantes em sua história foram:
- a abundância do capim papuã,
- a localização geográfica
- a origem no tropeirismo.

Papanduva formou-se à beira do Caminho das Tropas que, de início, palmilhavam picadas entre Sorocaba SP e Viamão RS.


As tropas que transitavam estes difíceis caminhos iam pernoitando e fazendo paradas ao longo do trajeto. Eram compostas de gado bovino ou de muares, que se destinavam às feiras paulistas para comercialização.
Vestidos com ponchos, chapéus e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba.
Papanduva, pela excelência do capim Papuã (Brachiaria plantaginea), oferecia ótimas condições para alimentação dos animais que necessitavam refazer-se de longas caminhadas.
O movimento conhecido como tropeirismo propiciou o nascimento de caminhos, fazendas e pousadas ao longo do Caminho das Tropas. Com o passar do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas.
Papanduva, uma planície, foi pouso de tropeiros desde o século XVIII, quando a região ainda pertencia à Capitania de São Paulo.
A Capitania de Santa Catarina, de reduzidas dimensões, compreendia a faixa do litoral e terras próximas à sua Ilha, até a Serra Geral. Com a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, foram criadas as Províncias.
Somente em 1853 criou-se a Província do Paraná e Papanduva dela passou a fazer parte. Desde então, as duas Províncias e, a partir da Proclamação da República, em 1889, os dois Estados, Paraná e Santa Catarina passaram a contestar os seus limites e entrar em litígio por uma área, na qual Papanduva estava inserido.
Em 1909 Papanduva tornou-se Distrito e sua sede passou à categoria de Vila, pertencente a Rio Negro, Paraná.
Entre 1912 e 1916, uma grande região compreendida entre os dois Estados viveu a época do fanatismo e envolveu-se na Guerra do Contestado. Ao final da referida Guerra, estabeleceram-se os limites e finalmente Papanduva passou a integrar o território catarinense.
Em 1917, novamente Papanduva tornou-se distrito, desta vez, pertencente a Canoinhas.
O município de Papanduva foi criado a 30 de dezembro de 1953 e sua instalação ocorreu a 11 de abril de 1954.
Em 1962, Papanduva perdeu em torno de 40% de seu território com o desmembramento de uma área que veio constituir o município de Monte Castelo.
A seguir, em 1963, foi criado o Distrito de Nova Cultura.
Papanduva passou a Comarca em 1985.
Formação Étnica
Quanto à formação étnica, Papanduva foi moldado, primeiro pelos índios, povos originais, pioneiros no uso da terra, seguidos, no século XVIII e XIX pelos tropeiros, agricultores paulistas e paranaenses de origem portuguesa ou espanhola, por caboclos e afro-descendentes das frentes de trabalho de construção e manutenção da Estrada da Mata e mais tarde pelos imigrantes, germânicos, poloneses, ucranianos e em menor número por japoneses e descendentes de italianos.
A identidade dos papanduvenses é pautada na pluralidade étnica. O município é constituído pela mistura e contribuição de várias etnias que formam característico panorama cultural. Trata-se de uma somatória do trabalho e crenças dos pioneiros que forjaram o primitivo lugarejo, mais tarde, vila e que, socialmente, se incrementaram com a vinda de imigrantes, transformando substancialmente seu arranjo social


A produção agrícola e pastoril ocupa 55 % da área total do Município se Papanduva, ali se encontrando também uma grande concentração de granjas suinícolas do Estado. A criação de suínos tem lugar de destaque na oferta de emprego e renda.
Entre os produtos agrícolas de maior relevância para a economia de Papanduva destacam-se o milho, soja, fumo, feijão, batata, arroz e maçã. A produção de leite e mel também é significativa.
Empresas papanduvenses investem no setor madeireiro, agroindústria, plástico, têxtil, metal-mecânico, tabaco, borracha, material de construções. Comércio e prestação de serviços estão em franco progresso.
É grande o esforço da administração municipal para haja um aumento na arrecadação das receitas tributárias.

Nada falta em Papanduva, como fonte temática, para que tenha uma identidade.
Tem paisagens exuberantes: serras, mata virgem, campos, lavouras, cavernas e quedas d’água ...Tem flora e fauna como os demais municípios.Tem gente como os demais: descendentes de índios, brancos, negros e várias imigrações.
Tem, com a agricultura, um dos celeiros de Santa Catarina.
Tem indústrias e agroindústrias. Tem uma História rica: tropeirismo, imigração, Guerra do Contestado... Tem três ciclos econômicos inspiradores: Tropeirismo, ciclo da madeira e erva-mate; Tem as sagas dos monges, lendas, superstições e uma culinária regional;Tem um povo aguerrido, educado e com vocabulário, linguajar, expressões...Enfim: mitos, usos, costumes, ditados, símbolos e heróis. Tem até o arquétipo que se formou no Papanduva tradicional, que é o tropeiro. Papanduva tem um povo de estirpe elevada e que se orgulha de seus ancestrais, de sua história e de seu chão.


Fontes:
RIBAS, Sinira D. Papanduva, Dimensões e Perspectivas. ( Em editoração) 2008.
RIBAS, Sinira D. Resgate de Memórias. Papanduva em Histórias. Famílias. Florianópolis: Ed. Insular. 2004.
RIBAS, Sinira D. Síntese Histórica de Papanduva. Mafra: Editora Nosde. 2004

MAIS FOTOS ABAIXO
Pontos turísticos



Beleza natural – Salto do rio Canoinhas
Divisa entre Papanduva e Major Vieira






Cidade de Papanduva
O relevo montanhoso da região Sul do Município de Papanduva propicia a agricultura familiar, com plantio de fumo, milho, feijão, gado leiteiro e soja.



Terreiro de Pedra

Dados do Município de Papanduva SC Brasil

Dados do Município de Papanduva. Em 2008.
 Sinira Damaso Ribas.
 Fundação oficial: Não há um consenso sobre uma data de fundação oficial. Papanduva, nos primórdios, como povoado, teve início como pouso de tropeiros e sua planície, “A Desejada”, devido a fartura do capim papuã, consta já nos relatórios de roteiros dos Caminhos do Viamão, de Francisco de Souza e Faria em 1738.
 (Moreira, Julio Estrela. Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá. 3º volume. Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná. Curitiba, 1975).

 O povoado de Papanduva em 1818 recebeu uma nova leva de colonos provindos de Campo do Tenente. Em 1880 chegaram, em número diminuto, algumas famílias polonesas. Em 1900 Papanduva era considerado um bairro de Rio Negro e já contava com cerca de 1000 habitantes. Em 1909 deu-se a criação do Distrito de Papanduva pertencente a Rio Negro. Com a questão do Contestado perdeu a condição de vila. Após 1916, com o Acorde dos Limites voltou a pertencer a Santa Catarina. 
Em 1917 deu-se a criação do Distrito de Papanduva com pertença a Canoinhas. Emancipação: Criação do município em 30 de dezembro de 1953. 
 Instalação do Município em 11 de abril de 1954.
 Colonizações predominantes: Caboclos, com a formação étnica do português, espanhol, indígena e afro-descendentes.
 Na quarta década do século XIX Papanduva recebe colonos alemães da primeira leva de famílias germânicas chegadas em Rio Negro/Mafra em 1829.
 Na virada do século XIX para XX chegam os poloneses. 
Na segunda década do século XX, chegam colonos ucranianos. Depois de 1940 chegaram, em menor número, agricultores japoneses e descendentes de italianos.
 Fundação da Paróquia: 1950.
 Nomes Antigos: Planície “A Desejada”, “Cocheiras do Papanduva” - 
Papanduva desmembrou Monte Castelo do seu  território original: em 1962.
 Criação da Comarca: 1985.
 Informações complementares: Papanduva, município planaltino, vive um razoável  progresso, graças à qualidade de seu povo, ao seu solo dadivoso e fértil e à multiplicidade de sua etnia, num clima abençoado por Deus.

 (Ribas, Sinira Damaso. Resgate de Memórias – Papanduva em Histórias. Famílias. Florianópolis, Editora Insular, 2004. (Conforme solicitação do Banco de Dados do Fórum SC-gen)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Alguns dos meus escritos desde 2002

Composições

Sinira Damaso Ribas

EU SOU Uma extensão da mente de Deus

Coletânea de Artigos, Ensaios, Crônicas Histórias e Pedagógicas
Publicadas e Inéditas



1 Começando a EscreverSinira Damaso Ribas

Na década de 50 não havia televisão e o cinema era uma coisa rara no nosso meio. As notícias chegavam até Papanduva - SC, pelo rádio, pelas revistas “O Cruzeiro” – o mais importante periódico brasileiro de todos os tempos, pela revista “Seleções” e por dois jornais semanários de Canoinhas.
Seleções e O Cruzeiro me acompanharam durante boa parte da minha infância. Meu pai era fã das revistas e não perdia nenhuma edição.
Ao lembrar me emociono. Meu pai já se foi, mas guardo a doce memória da figura paterna que muito me amou, uma lembrança alegre guardada no coração daquela criança que também já se foi...
Antes mesmo de aprender a ler eu me sentia fascinada pelas gravuras estampadas. Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras e Mamãe e minhas irmãs mais velhas me ajudavam nisso, enquanto as mais novas me estorvavam.
       Quando fui precocemente para o primeiro ano primário, já tinha a noção vaga da estrutura de palavras que precisava conquistar. Fui imediatamente subjugada pelas letras. Quando me cansava de sentar em frente à Cartilha de Leitura e aos cadernos, me deitava ao chão e continuava meus treinos ortográficos, mesmo sem entender o que produzia. De bruços no assoalho, atrapalhava o trânsito dentro de casa. Lembro que escrevia seqüências de sílabas em folhas de papel de embrulho da casa de Comércio de meus pais.
O gosto pela literatura e poesia já era de família e esta semente vinha germinando. Com 10 anos, ao ingressar no curso ginasial em Rio Negro, passei a ler e colecionar as revistinhas de “O Pato Donald”. Colecionava figurinhas e montava álbuns, como do Bambi (Disney). Esta história do Príncipe da Floresta me encantava.
Desde cedo tinha assinatura de revistas em quadrinho, gibis com diversas temáticas.
Comecei a ler os primeiros livros no Colégio de Canoinhas. Eram romances “água de açúcar”, censurados pelas freiras franciscanas. Logo tomei gosto por romances de amor ou policiais e logo mais devorava qualquer coisa que me caísse nas mãos. Assim como lia, fazia anotações e pequenos resumos de obras e tomava cada vez mais intimidade com a prática da escrita, um bem que almejo usufruir pelo resto dos meus dias.
Como professora, por mais de 30 anos, as práticas da leitura e contato com diversos textos estiveram no meu cotidiano. Muito me envolvi nas lides com as letras, mas não é só isto que nos faz praticantes da escrita.
O grande respaldo para escrever obtemos pela leitura e prática de pesquisas. É o embasamento necessário, além da inspiração e vontade de fazer arte. A habilidade e o gosto artesanal de escrever vão além das necessidades do cotidiano, trabalham nosso raciocínio e preenchem nossa vontade de socializar o que produzimos. Aqueles que apreciam o que escrevemos nos dão o necessário estímulo.
Nunca mais quero parar, pois como dizia Graciliano Ramos – “A palavra não foi feita para enfeitar e brilhar; a palavra foi feita para dizer." E “o que eu digo eu penso” e muita coisa do que penso eu digo.


                                                                      * * *

2
Domínio Espanhol
Sinira Damaso Ribas
Desde o Tratado de Tordesilhas, nossa região era de domínio espanhol por estarmos a oeste da linha demarcatória. Por ordem do rei da Espanha em 1775, o cartógrafo oficial da coroa Don Juan de La Cruz Cano Y Olmedilla1, confeccionou o mapa meridional da América do Sul, com os domínios espanhóis e portugueses.
Chamou-nos a atenção o fato de Orville2, geólogo americano, no século XIX, citar segundo o mapa de Olmedilla, alguns acidentes geográficos do planalto norte e serrano (hoje catarinense) como “San Juan” (Matos de São João) - “Espigon” (Sierra) o Rio Canoas-Meri” (Canoinhas), “Tacuaral” (Taquaral no Município de Monte Castelo), “Cori e “Tibanos” (Curitibanos).
Orville fala em “Alto da Sierra” e entre outros tantos pontos com nome espanhol ou indígena, cita no final, o rio “Garabatahy” (rio Gravataí) e “Viamon” (Campos de Viamão, onde termina o Caminho das Tropas no Rio Grande do Sul).
Nossa região fazia parte da Província de São Paulo. A Província de Santa Catarina tinha dimensões reduzidas. Em 1853 passou a fazer parte da Província do Paraná e só depois da Guerra do Contestado voltamos a ser catarinenses.
Estamos pesquisando a Estrada da Mata e o Caminho das Tropas, e mais uma vez constatamos, que neste trajeto desde Sorocaba SP, o único rio que caminha para leste é o rio Itajaí.
Os outros rios, inclusive os nossos vizinhos rio Negro, São João, Papanduva e Canoinhas, todos vão para o oeste, para a Bacia Platina. O rio Itajaí do Norte nasce em Papanduva, em Queimados, divisor de águas, logo adiante se precipita num salto espetacular, e mais além a sua natureza caprichou num local chamado Terreiro de Pedra, mas que os bandeirantes que abriram o caminho das tropas se referiram como “uma calçada”.

Interessante é que Papanduva, segundo os sertanistas, fazia parte dos chamados “Matos de São João’. Assim se expressaram: "(...) Tem a dita Lomba Grande um despenhadeiro para a parte do nascente. A lomba do mato de São João tem uma travessia de sete ou oito léguas; no meio deste mato há um ribeirão que corre para o nascente com grande barrocada, duma parte e outra, muita pedra, e quatro braças de largo com só dois palmas de fundo. (...) No seu interior se acha o ‘grande Pinhal”3.
Em seus roteiros de viagem as extensões são em léguas. Usavam-se medidas em braças e pés. Falava-se em restingas, faxinais e campestres, nas épicas jornadas por onde por muito tempo passariam as tropas de bovinos e muares, rumo ao Brasil central. 4
A planície que mais tarde se chamou Papanduva constava no roteiro do sul, aberto por Francisco de Souza e Faria em 1727, como “a Desejada”. “(...) É esta campina com duas léguas de circuito, com muito bom pasto, tendo, porém um pantanal que a cinge quase toda pelo norte” (referia-se ao capim papuã e aos banhados do bairro Barro Preto e do Passo Ruim).
Local aprazível, águas cristalinas, capim doce, segurança! Papanduva já era e ainda o é o paraíso da hospitalidade .
------------------------------------------------------------------------------------------------1- Don Juan de La Cruz Cano Y Olmedilla – Cartógrafo oficial da coroa espanhola, autor do mapa da América Meridional em 1775. http://members.fortunecity.es/cartografias/canolm.html Acesso em 22/02/2005


2- Orville Adelbert Derby. (1851 – 1915) – notável geólogo e geógrafo americano, que trabalhou no Museu Nacional do Rio de Janeiro e realizou inúmeros estudos no Brasil, organizando as coleções de mineralogia e paleontologia. http://www.sobiografias.hpg.ig.com.br/OrvileAD.html Acesso em 22/02/2005

3- Cf. MOREIRA, Júlio Estrela. Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá (3º volume) 1975. Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná. Curitiba

4- RIBAS, Sinira Damaso. Resgate de Memórias: Papanduva em Histórias. Famílias. 2004





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3

Importância de grupos Étnicos na Colonização de Papanduva
Sinira Damaso Ribas



A união dos três grupos étnicos fundadores do povo brasileiro - o negro, o índio, e o português - forma a base original do povo papanduvevse, aliado aos imigrantes alemães, poloneses e ucranianos e mais tarde por japoneses e descendentes de italianos.
Papanduva foi moldado primeiro pelos índios, pioneiros no uso da terra, seguidos no século XVIII e XIX pelos tropeiros, por agricultores paulistas e paranaenses de origem portuguesa ou espanhola, pelos caboclos luso-brasileiros e afrodescendentes das frentes de trabalho de construção e manutenção da Estrada da Mata e pelos imigrantes germânicos, eslavos e em menor número por japoneses e descendentes de italianos.
A História é construída pela ação humana.
Hoje se encara de outra maneira o estudo de História. Dá-se ao aluno(a) um outro olhar para o passado.
Questionamo-nos como professores sobre a melhor maneira de trabalharmos em sala de aula sobre a temática de colonização e imigração sem excluir nenhum grupo étnico e sem exaltar nenhuma contribuição como mais relevante.
Tela de Aldira Silveira Perretto

O professor deve fazer com seus alunos, atividades que os levem a se reconhecerem como sujeitos históricos e como tal fazerem pesquisas em locais que extrapolem o ambiente da sala de aula.É recomendável leva-los a pesquisar a contribuição dos diversos grupos étnicos, sem desvalorizar aqueles que comumente são excluídos, como os indígenas da região e os afro-descendentes. Acentuamos que se valorize também o papel da mulher ao longo da história. O que é importante é dar dignidade a estes sujeitos históricos, que não podem ficar invisíveis e considerados inferiores.
Devemos valorizar os imigrantes, mas não desvalorizar os nativos. Os alunos devem ser estimulados a conversar com pessoas da comunidade, acerca dos grupos étnicos que se estabeleceram na sua região. Outra atividade seria explorar as fontes orais, com entrevistas com descendentes de imigrantes e a pesquisa sobre a sua cultura e hábitos familiares.
Importantes são as fontes históricas escritas, bibliografias, jornais, fotos e os próprios livros didáticos, questionados e revistos, levando-se em conta que nos dias de hoje se usa outra abordagem no estudo de História.
Dentro de uma nova visão, deve-se levar o aluno a construir o conhecimento histórico a partir de que ele conceba de que ele próprio também constrói. O estudante deve perceber a diversidade étnica e social e aprender a respeitar as diferenças.

 
Em nossa comunidade não existe nenhum preconceito ou tentativa de se glorificar alguma cultura em detrimento de outras.Em tempos passados, quando não se valorizava a cultura dos indígenas e não se tinha a compreensão de que eles eram os verdadeiros senhores destas terras, havia em todo o planalto serrano meridional muito preconceito em relação a eles, bem como denominação pejorativa com conotação de “inimigo”. Mas, não podemos julgar os acontecimentos passados, só podemos analisar os fatos dentro de um contexto. Hoje nossa visão é outra, sendo necessário problematizar e questionar muitas concepções aprendidas. Uma delas é assentada na imaginação de que todos os índios eram iguais. Não. As populações indígenas eram e são marcadas pela diferença. Os índios que habitavam esta região eram os Botocudos, hoje denominados Xokleng, despejados de seu melhor habitat, as florestas de araucárias.
Todos, nativos, luso-brasileiros e descendentes de escravos africanos ou imigrantes, nos beneficiamos com as lições extraídas da História, hoje encarada numa perspectiva crítica/ética/cultural.





CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA E XAMÂNICA

Conhece a constelação xamânica? Dinâmica que muito tem ajudado pessoas a ver situações que se tornam problemas em suas vidas e mostra as sol...